sexta-feira, 22 de março de 2013


Pílulas literárias 162

* Por Eduardo Oliveira Freire

EM PLENA MADRUGADA...
Entrou uma mosca no meu quarto:
- Você mata pessoas imaginárias!
Respondo:
- Também, insetos falantes.

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NOITE
A lua iluminava o mar. O menino saiu de casa e mergulhou sozinho. A correnteza o puxou para as profundezas. Ele viu outro mundo, onde havia criaturas primitivas e translúcidas. A curiosidade e o medo se misturavam na sua cabeça, proporcionando um turbilhão de impressões. De repente, viu-se boiando na superfície e retornou para casa. De manhã, os pais perceberam que estava mais maduro. A aventura da noite passada foi uma revelação para o menino. Não era o centro de tudo, como seus pais o faziam pensar.

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CONSULTA INESPERADA
- Ultimamente, quando me olho no espelho, vejo-me uma peça velha e quebrada e não consigo mais arrumar trabalho. O que farei doutora?
A psicóloga não conseguiu responder. Ficou assustada com o falante parafuso enferrujado e torto.

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PEDIDO IMPOSSÍVEL
- Você é tão bela assim, ao natural. Nunca mais use maquiagem.
- Desculpa, querido, a maquiagem é minha segunda pele, sem ela, sinto-me mutilada.

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A CADA RESPIRAÇÃO...
Postava um conto nas redes sociais. Um dia, ao morrer, suas histórias foram publicadas ao vento e invadiram todos os cantos do mundo. Muitos detestaram o acontecido, já que o bloquearam nas redes sociais, para não saberem sobre suas últimas produções artísticas.

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ANDANDO POR RUÍNAS...
Encontra um zumbi e se prepara para atirar, mas, reconhece o morto vivo.  Anos antes, os dois eram participantes de um famoso reality show. Atira com gosto. Nunca engoliu a vitória do outro no programa.

* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor

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