segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013


Poeminha mineiro pra mãe brasileira

* Por Raul Longo

Mãe!
Eu sou ateu...
- Meu Deus!
Coitada da Mãe:
rezou,
chorou,
confessou pecados
que nem cometeu.
E esse não foi o primeiro
susto.
O primeiro
- por certo –
eu ainda era feto
e chutava barriga.
Mas depois...
Depois de nascido:
do cair do umbigo,
do leite e a troca do cueiro,
do dente primeiro...
Ainda depois
de menino crescido,
quando arrumava briga
com o filho do vizinho
- e Mãe dava carinho –,
roubava goiaba no quintal do lado
- e pra Mãe não era pecado –.
vinha reclamação da escola
- e Mãe nem se amola –...
Depois de tanto susto,
quando a muito custo
confesso uma idéia que me acometeu:
- Mãe!
Eu sou ateu...
- Meu Deus!...
O que Mãe
não sabe
- nem percebe –
é que se Deus existisse,
todo bondade como se disse,
Deus não era pai...
Era mãe, uai!

* Poeta, jornalista e escritor

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