quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Não briga comigo não

* Por Vanda Minini

Andando pelo Parque de Coqueiros em Florianópolis observo duas amigas (uma empurrando o carrinho de bebê e a outra mais para trás, elas estavam conversando) e um menino de uns 5 anos mais ou menos que andava pela grama. A mãe o puxa para dentro da pista de Cooper, mas ele volta para a grama. Ela puxa o braço do menino com força, carrega-o pelo braço e põe em seu colo, e começa a falar alto com a criança assim: “eu já falei para você não andar pela grama, não falei?”. O menino pergunta: “Por que eu não posso andar pela grama?” A mãe não responde, coloca-o no chão e o puxa com o braço. O menino verbaliza – “eu não quero andar de mão dada, você está me empurrando”. A mãe já irritada a esta altura começa a falar mais alto e o menino então fala: “Não briga comigo não, por que você está brigando comigo?”. A mãe diz: “Porque você não me obedece”.

Vamos às reflexões: a mãe não explicou ao menino que a grama estava sem cortar, que podia haver algum bichinho que o mordesse, que seria melhor ele andar na pista de Cooper, que na pista não havia nenhum perigo dele se machucar. A mãe foi agressiva tanto verbal quanto fisicamente; pensei na hora que para dar um deslocamento no braço do menino faltava pouco, tamanha era a força que ela puxou o menino para o colo pelo braço.

O menino quando verbaliza: “Não briga comigo não” significa que ele não estava entendendo nada a situação que estava ocorrendo, pois ele continua a pergunta “por que você está brigando comigo?” Isto demonstra que a atitude da mãe estava incorreta; ela não explicou o porquê ele não podia andar na grama e pior ainda estava brigando com ele. A resposta da mãe em nada contribui quando ela fala assim “por que você está me desobedecendo”. Na cabeça da criança ela não entendeu o porquê não podia andar na grama, não entendeu por que a mãe estava brigando e nem em que ela a desobedecia.

A mãe ao mesmo tempo em que brigava, puxava-o pelo braço e ainda falava com a amiga. Conclusão: o menino ficou sem entender qualquer coisa e a mãe achou que estava educando. Pensem: se vivenciarem algo parecido, não cometam os mesmos enganos desta mãe...

• Doutora em Educação e mestre em Psicologia Escolar

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