segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Tempo implacável

* Por Lêda Selma

Em que instante do tempo,
a juventude do meu rosto
ficou presa no espelho?

Em que pedaço do tempo,
as ranhuras no meu corpo
foram, de vez, talhadas?

Em que silêncio do tempo,
as pálpebras se debruçaram
sobre meu olhar embaçado?

Em que passadas do tempo,
os cansaços sitiaram
redutos de meus desejos?

Em que dor o tempo esqueceu
amores, sonhos, encantos
e os segredos de meus pecados?

Em que estrela do tempo,
as lembranças se perderam
transfiguradas em rastros?

Em que frestas do tempo,
meus viços escapuliram
e levaram meus encantos?

Na face dessas verdades,
revejo as tramoias do tempo
e de mim sinto saudades.

• Poetisa e cronista, licenciada em Letras Vernáculas, imortal da Academia Goiana de Letras, baiana de Urandi, autora de “Das sendas travessia”, “Erro Médico”, “A dor da gente”, “Pois é filho”, “Fuligens do sonho”, “Migrações das Horas”, “Nem te conto”, “À deriva” e “Hum sei não!”, entre outros.

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