sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Pílulas literárias 150

* Por Eduardo Oliveira Freire

MINHA ÁRVORE DE NATAL
Faz-me retornar à infância, quando imaginava que ela era um universo mágico, em que cada bolinha colorida era planetas repletos de aventuras fantásticas. Pode não ser uma árvore de natal de foto de revista de decoração. Mas, ela faz parte da minha memória afetiva. Por anos, ela foi várias, fisicamente. Porém, na essência, a mesma. A cada ano que passa, o encanto pelo natal está se apagando. O preço de crescer e amadurecer é a perda da inocência. Mas, ao ver a árvore de natal, fico criança outra vez e imagino outros mundos. O sono chega, agora vou sonhar com ela.



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LUZES
"Os caminhos se abrem com a nossa luz." Livia Garcia Roza

Às vezes se sentia confuso. Seus olhos se irritavam com tanta iluminação e seu cérebro não consegui processar o turbilhão de informações. Então, quando chegava a sua casa, ficava na escuridão. Ela o iluminava.



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INVASÃO
Quando as ideias do tio ficavam emboladas, aparece um monte de gente estranha. Então, minha avó pega a vassoura e manda todo mundo voltar para o lugar de origem. Na cabeça do tio.



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SEREIA
"Aí está ele, o mar, o mais ininteligível das existências não humanas. E aqui está a mulher, de pé na praia, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fez um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornou-se o mais ininteligível dos seres vivos. Ela e o mar".

Sempre desconfiei que minha mãe fosse uma sereia. Passava horas a olhar uma foto de mar e ler uma crônica de Clarice Lispector: As águas do mar. Morávamos numa cidade que não tinha praia. Quando chorava, ela lambia minhas lágrimas e dizia que tinha gosto do mar. Um dia, viajamos para conhecê-lo. Ela desapareceu nas profundezas. Em sonhos, vejo-a a flutuar no fundo do oceano e seu olhar me diz que está bem.

 
* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor

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