terça-feira, 27 de novembro de 2012

A insustentável leveza

* Por Evelyne Furtado

Não me refiro à obra de Milan Kundera, da qual me lembro apenas de spas, de Praga, do médico, da primeira mulher e da moça do interior constrangida pelo sinal da fome no primeiro encontro.

Claro que recordo um pouco mais, do contrário não estaria escrevendo sobre o assunto, contudo esse texto não é uma resenha.

Peço licença para usar o título do livro de forma a expressar meu espanto quando o ser mostra-se denso por mais que eu o queira leve.

Conscientemente procuro o lado suave da vida. Evito sombras, filmes escuros, vidas perdidas.

Tento a leveza nos relacionamentos e aqui se dá meu ligeiro encontro com o livro do escritor tcheco.

Desvio do mal e procuro a luz, mas nem sempre consigo me livrar do escuro, pois o mundo não é cor de rosa como você me diz.

A vida não tem a mesma face e a paisagem vai mudando à medida que caminhamos.

Tento fazer belas viagens e carregar pouco peso, porém um atalho me põe de frente ao que não é bonito, o que não é agradável,o que não é leve.

E aí?

Se for possível acelerar o faço. Do contrário, paro e tento modificar o que estiver ao meu alcance.

Sempre que me deparo com uma situação dessa natureza, meu peito pesa e minha mente se prende ao que sinto. Vivo em poucos dias uma eternidade.

Mas a essa altura já aprendi lições preciosa: uma relação requer certo peso para ter continuidade e quando usamos os melhores sentimentos durante a densidade, ganhamos posteriormente uma leveza tão perceptível que nos leva perto do céu.

* Poetisa e cronista de Natal/RN

2 comentários:

  1. Se me permite Evelyne eu diria que de uma certa forma, nos liberta...
    Beijos.

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  2. Ainda não consegui ter uma vida leve, embora queira, desde sempre. Sou livre, mas presa a uma prisão, e isso pesa.

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