quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Tablet em Sala de Aula: uma proposta de inovação acadêmica

* Por Ariane Bomgosto

Distribuir tablets a alunos e professores de ensino superior foi a solução encontrada pela Estácio na busca pelo investimento em inovação no meio acadêmico. São 72 campi em 19 estados brasileiros e, por isso, sabíamos que não seria fácil. Também tínhamos consciência que um trabalho extenso de mudança de cultura viria pela frente.

No início do programa, no segundo semestre de 2011, a instituição optou por distribuir os aparelhos aos alunos e professores dos cursos de direito, gastronomia e hotelaria, nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Espírito Santo. A empreitada começou não só com a oferta da tecnologia, mas também com a missão de transformá-la em ferramenta de ensino legítima junto aos docentes da instituição. Os capítulos bibliográficos que compunham material didático impresso, então, começaram a dar lugar a textos digitalizados.

Em seis meses, percebemos que os professores da instituição, após receberem o aparelho, não estavam explorando tudo o que poderiam dentro de uma perspectiva pedagógica. Para reverter esse cenário, elaboramos o projeto Tablet em Sala de Aula. O intuito é sensibilizar os docentes sobre o uso da nova ferramenta, fazendo-os perceber o quanto a tecnologia poderia ser uma facilitadora do seu trabalho e também uma ponte de conexão com um aluno cada vez mais ávido por novas formas de aprender e imerso em um mundo conectado por redes de relacionamento.

Entre as atividades do Tablet em Sala de Aula estão a formação de uma rede de 200 docentes, que dividem-se em grupos online e presenciais para aprender e trocar; criação de uma comunidade “Tablet” para discutir o assunto na rede social interna da Estácio; capacitação de professores dentro das unidades; e o desenvolvimento de trabalho institucional sobre a aplicação das novas tecnologias na educação. Esse grupo interage com pesquisadores de outras universidades e está produzindo um acervo na forma de artigos impressos, vídeos e aplicativos educacionais tanto para arquivo da instituição, como para publicação em veículos especializados na área.

É interessante ver que esses espaços virtuais criados para troca de experiências vão ao encontro da proposta do projeto em si: explorar as mídias digitais e móveis como recursos que facilitem e promovam a aprendizagem contínua. É a consagração, na prática, do tão atual conceito de rede, de compartilhamento em busca de soluções que se adequem às atuais necessidades da educação brasileira. Com o desenvolvimento do projeto, pudemos perceber que há vontade, por parte dos docentes, de promover melhoras no cenário do ensino superior através da pesquisa e da realização de ações que levem a teoria para a prática. Há espaço e acho que estamos no caminho! A seguir, deixamos algumas dicas para a implantação de tablets em um projeto sustentável em uma rede de ensino.

1. Fazer um planejamento contemplando a sensibilização dos docentes ao projeto e, se possível, estruturar um programa de capacitação e envolvimento antes mesmo da distribuição das mídias digitais móveis.

2. Estruturar canais de comunicação que promovam o feedback contínuo, tanto de professores como de alunos, para que os possíveis erros sejam corregidos e as melhorais surjam da demanda do próprio usuário.

3. Investir na qualidade da tecnologia e da infraestrutura de onde o recurso será utilizado, possibilitando, por exemplo, navegação amigável e intuitiva e acesso à rede nos espaços onde o aparelho será manuseado.

4. Criar polos de pesquisa com o foco tecnologia aplicada à educação para estudo, discussão e desenvolvimento de material acadêmico sobre o tema, com a possibilidade de produzir conhecimento científico dentro de uma instituição de ensino que dê embasamento para as práticas pedagógicas desenvolvidas dentro de sala de aula.

5. Investir na qualidade do material que está sendo distribuído, avaliando os cursos que estão recebendo e a relevância do dispositivo para cada curso contemplado, a linguagem e a forma como o conteúdo está sendo apresentado. Deve-se considerar que, por ser um recurso móvel que tem várias facilidades, será preciso ter cuidado com a seleção do conteúdo, entendendo que o usuário de tablet quer informação de qualidade e que seja relevante para sua maneira de aprender e ensinar.

6. Criação de inteligência para desenvolvimento de novos aplicativos educacionais, oferecendo, se possível, treinamento com consultorias para equipes internas, que possam se desenvolver e produzir aplicações de ensino para os aparelhos distribuídos.

* Ariane Bomgosto é jornalista e especialista em comunicação e linguagem para práticas profissionais, idealizadora do projeto Tablet em Sala de Aula, na Estácio Participações e trabalha com foco em novas mídias aplicadas à educação. Tem livro publicado na área de literatura infantil (coletânea Contos do Quintal – Editora Globo). Tem trabalhos publicados em material didáticos do Instituto Piaget.

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