terça-feira, 18 de setembro de 2012

Viva o Gordo!

* Por José Calvino de Andrade Lima

“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem” (Mário Quintana)

Quem vive como eu, evitando grupos de subservientes “intelectuais” com conchavos, a fim de obter favores, permita-me registrar uma de minhas farras com alguns escritores e leitores, quando um deles equivocou-se ao dizer que “O Corcunda de Notre-Dame” é de autoria de Alexandre Dumas. Vi o quanto é bom ler o blog do Literário, como ficamos bem informados. Lembrei, na hora, do editorial sob o título “Hugo ou nada”, onde o nosso querido editor Pedro Bondaczuk diz que o que o marcou profundamente foi “Notre-Dame de Paris”, que em algumas edições foi publicado com o título de “Nossa Senhora de Paris” e em outras foi intitulado “O corcunda de Notre-Dame” que foi adaptado para as telas de cinema.

Confundindo “O Conde de Monte Cristo”, este sim escrito por Alexandre Dumas, com “O Corcunda...”, achou por bem mudar de assunto, até mesmo sem lerem. Falou que Paulo Coelho, Chico Buarque e Jô Soares conseguiram promover seus livros somente por causa da mídia e do marketing junto às grandes editoras. Concordei em parte, mas não deixei de elogiar os três livros de Jô Soares, lidos por mim: O Xangô de Baker Street (1995), “O homem que matou Getúlio Vargas” (1998) e “Assassinatos na Academia Brasileira de Letras” (2005). Devo dizer aqui que, com certeza, o que eu mais gostei foi sem dúvida alguma o do “Xangô...”

Que importa a obesidade, o balançar, o remexer, tanto fez, virou mexeu? O que eu vejo é o lado intelectual do humorista, dramaturgo e escritor Jô Soares. Lamentavelmente, o nosso povo não tem o hábito de ler. Nós temos escritores de grande porte, um deles é o Jô Soares. Aliás, ele deveria estar na Academia Brasileira de Letras. Raramente assisto ao seu programa de TV, devido ao horário. Mas, vamos analisar o lado intelectual do Gordo. Ele escreveu seu primeiro romance cômico-policial, O Xangô de Baker Stree (um best-seller). O diretor cinematográfico Miguel Faria Jr. interessou-se na ocasião e fez o filme homônimo da engraçada miscelânea sobre a vida no Rio de Janeiro no período do Segundo Reinado. Na história, somos transportados ao império brasileiro da época, com seus monarcas, ruas e personagens. Na película Jô faz uma ponta no papel do chefe de polícia, desembargador Coelho Bastos. O autor trouxe personagens de ficção, como o detetive Sherlock Holmes e doutor Watson, criação de Conan Dayle. Sugiro então a leitura. Vamos nos divertir com as situações engraçadas, inteligentemente nos mostrando que “os crimes não são tão elementares, meus caros...”. Aliás, estou relendo, do mesmo autor, O homem que matou Getúlio Vargas.

(Trecho publicado no Jornal do Commercio/2001).

* Escritor, poeta e teatrólogo. Blog Fiteiro Cultural – http://josecalvino.blogspot.com/

3 comentários:

  1. Eu li Zé, pena que o livro não era meu.
    Uma pérola de leitura.
    Jô é um baita escritor.
    Beijão Zé.

    ResponderExcluir
  2. Mais feio do que dizer "não li e não gostei", é não ter lido e ficar a dar opinião. Também li o Xangô de Baker Street e gostei muito. É preciso incensar a quem tem talento. Quanto a ler os editoriais do Literário, eu leio, e considero o tempo gasto com isso, de grande prazer, pois é puro lazer e cultura.

    ResponderExcluir
  3. OBG, Mara & Núbia!
    É isso aí, é gratificante ler os editoriais do Literário. Enfim, o Lit.
    como um todo>
    Abração a todaos!

    ResponderExcluir