sexta-feira, 22 de junho de 2012

Pílulas literárias 125

* Por Eduardo Oliveira Freire

CONFORTO

Sempre via um braço de criança preenchendo o lugar de seu membro arrancado. Olhava para menina Consuelo, que sempre lhe sorria quando fazia isso.

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JÁ SABE PORQUE

– Não quero saber do meu futuro, cigana. É como ler a última página de um livro. Só quero seguir em frente. Juliana viajou, diz que quer tempo. Cigana, deixa tudo como está, bosta quanto mais mexe mais fede. Volte para suas amigas. Sinto que me persegue há dias. Não adianta que não vou lhe dar a mão, cigana. Nem de graça... Sabe, o tempo corre, comecei a sentir que me devorava aos quinze anos de idade; os dias longos e chatos da infância, de repente, passaram com velocidade. Quando o início do ano chegava, sentia esperança de mudança, ao ver minha mãe chegar novo material escolar . Prometia intimamente estudar com afinco, fazer amigos, curtir a vida como todo mundo e ter mais cuidado com o material escolar, para não perder mais nada. Porém, ao longo do ano, repetia os mesmos erros. Há mais de sete anos não falo com meu irmão. Quero ligar e fazer às pazes, não consigo. A garganta trava. Preciso ir. Não quero saber do meu futuro, cigana. Já sabe o porquê.

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FORÇA DO HÁBITO

-Pai, não cansa de sorrir o tempo todo?

- No início sim, mas tudo é hábito, filho. É só praticar.

* Eduardo Oliveira Freire é formado em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense, com Pós Graduação em Jornalismo Cultural na Estácio de Sá e é aspirante a escritor

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