segunda-feira, 18 de junho de 2012

O intocável

* Por Talis Andrade

Nasci intocável
como um judeu
forçado a exibir
costurado
nas vestes brancas
a marca amarela
de uma rodela

Nasci intocável
como um leproso
anunciando com um sino
a temida aproximação
Um leproso vestido
com uma comprida túnica
até os tornozelos
a comprida túnica
com um ele marcada
a túnica vermelha
com guizos pendurados

Nasci intocável
como um leproso
o rosto dissimulado
em um cônico capuz






* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

2 comentários:

  1. Belo poema, assustador e verdadeiro. Incompreensíveis costumes de lá, de algum outro país. Agora o sentido é inverso. Unifica-se os costumes e as necessidades. Até o modo de falar. É bom isso?

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  2. Diz-se muito da cultura, as conversas iniciam-se apaziguadoras e se findam acaloradas.
    Uma separação injusta, cruel. Somos todos feitos da mesma matéria bruta, nem mais e nem menos para ninguém. Não me atrevo a entrar no mérito da questão, apenas não compreendo.
    Abraços Talis

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