sábado, 19 de maio de 2012

Um Beatle no Recife (meninos, eu vi)


* Por Clóvis Campêlo


A cidade do Recife,
numa noite tropical,
abandonando a breguice,
de forma sensacional,
recebeu com maneirice
um astro internacional.

Era um tal de Paul McCartney
que acabava de chegar
e nem Pedro Malasarte
conseguiria ofuscar
o carinho por sua arte
do povo desse lugar.

Nem bem abriu o portão
do Estádio do Arruda
explodiu a emoção
do povo todo em muda
para ouvir velha canção
da figura cabeluda

Paul McCartney abusou
de carisma e simpatia
e a plateia conquistou
cantando o que ela queria
fez um tremendo de um show
com ternura e alegria

Dos Beatles cantou canções
sucessos do seu passado
e despertando emoções
bastante emocionado
agitou os corações
do público extasiado

Teve gente que chorou
precisou ser medicado
menino que desmaiou
e velhinho transviado
mas no fim tudo ficou
como tinha começado

Foi grande a satisfação
do povo da capital
um repertório do cão
levantando a moral
daquela reunião
daquele povo informal

Fingindo o show terminar
Paul McCartney saia
do palco pra retornar
com mais uma melodia
fazendo o povo endoidar
com tamanha picardia

Deixou o povo maluco
com tamanha emoção
no meio do vuco-vuco
ele invadiu o salão
e a bandeira de Pernambuco
carregava em uma mão

Nada era aleatório
na estrutura do show
também teve foguetório
e o povão se animou
quando do seu repertório
mais um sucesso tirou

Ele cantou “Let it be”
sozinho em seu piano
e com a platéia daqui,
antes de baixar o pano,
emocionou e fez rir
ao soldado e ao paisano

E aquela multidão
satisfeita e gloriosa
viu com satisfação
três horas de som e prosa
três horas de empolgação
três horas de muita glosa

Se todos Paul conquistou,
gente pobre e gente rica,
depois que o show terminou
fez do coração uma tripa
e no avião se mandou
com destino a Floripa,

Recife deixou pra trás
mergulhada na saudade
e essa cidade jamais
vai ter a capacidade
de esquecer esse rapaz
e sua inventividade

• Poeta, jornalista e radialista

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