quarta-feira, 30 de maio de 2012

Cisne Negro


* Por Edir Araujo


(memória a Cruz e Souza )

Belo e triste canto ouvimos
Da boca em tromba retorcida
Sanguinária na cruenta vida
Boca em chamas, boca em chagas
Da negra voz, de tantas pragas

Ouvimos teu canto, enternecidos
Mais triste que o canto do piaga
Mais triste que o gemido do mutum
Mais triste que o pio da coruja
É o canto do Cisne, altivo e belo

Oh Cisne Negro... de labor penoso
Flutuando, manso lago, tenebroso
És o germe bom da terra, algemado
n’ardente dor, de chaga insidiosa
Ouve-se teu canto, que ecoa, tão plangente

Negro poeta d’alma branca
Nascido na terra do “Desterro”
Gemendo, Oh alma suplicante !
Rebentando em estrelas de ternura
Celeste filho da extrema desventura

Flutua belo Cisne nas águas do mundo
Onde todos os cisnes serão brancos...
Apenas tu, Cisne Negro, sempiterno
Dante Negro, o poeta assinalado
O louco da loucura mais suprema

Olvidar jamais teu último feito
Poesia que guardamos
Junto ao lamento do teu último suspiro
Silêncio em tua boca de trovão
Que a negritude vem cobrir o alvor da alma.



• Poeta e escritor

Um comentário:

  1. Olá amigo Pedro. Quero agradecer pela postagem no Literário. E por adicionar uma imagem que distinque o tema; Cisne Negro.
    Reitero, mais uma vez, meu agradecimento pela oportunidade neste blog democrático e culturalmente mágico.
    Forte abraço do amigo Edir Araujo

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