terça-feira, 24 de abril de 2012


Respeito é bom



* Por Anamaria Kovács


Diante dos fatos que se repetem diariamente nos noticiários, tanto locais, regionais, nacionais e mesmo internacionais, fico me perguntando se não existe entre eles um elo comum, uma causa que transcenderia as fronteiras e as culturas, uma atitude universal, recente e decididamente prejudicial ao relacionamento entre as pessoas. Não sou socióloga, mas o bom e velho senso comum dá uma dica: talvez – e me perdoem os especialistas e demais intelectuais mais sofisticados – seja a falta de respeito essa atitude corruptora dos relacionamentos, desde os mais íntimos até os públicos.



Podemos partir dos fatos corriqueiros e trágicos com que nos deparamos o tempo todo: motoristas bêbados provocando acidentes fatais em ruas e estradas do nosso país. Se tais pessoas respeitassem, em primeiro lugar, os seus próprios limites, e se lembrassem das consequências do seu exagero, nem pegariam no volante alcoolizadas. Caso contrário, se ao menos respeitassem a lei, entregariam a chave do carro ao amigo que não bebeu, ou pegariam um táxi.



Em outro contexto, vemos alunos de todos os níveis escolares agredindo seus professores de diversas formas: não prestando atenção nas aulas, falando ao celular, xingando ou saindo da sala sem permissão, e ainda acusando os mestres quando repreendidos ou reprovados – e, o que é pior, com apoio dos pais, que, em alguns casos, chegam a agredir fisicamente quem ousou afrontar seus rebentos. Chegamos, aí, na minha opinião, ao cerne do problema: quem não aprende respeito em casa não pode conviver em sociedade sem conflitos.



Na sua coluna do último domingo, o ecólogo Lauro Bacca lamentou que ainda há caçadores em Blumenau, que se dedicam a exterminar os últimos exemplares de fauna que ainda restam nas minguadas reservas do município. Vejo aí outro exemplo de falta de respeito, desta vez para com a natureza; atitude, aliás, disseminada mundo afora, não só pela caça mas por outras formas igualmente letais, como a poluição, o desmatamento, a pesca predatória e outras.



Por último – por falta de espaço, não de exemplos – quero lembrar outras formas de desrespeito, ainda mais prejudiciais, por atingirem nossa população em sua totalidade: industriais que fabricam produtos defeituosos, comerciantes que tratam mal os clientes, servidores públicos desatentos e negligentes. E por fim, lamento a atitude cínica dos políticos que, enquanto prometem mundos e fundos na época da eleição, lançam olhares ávidos para a possibilidade das propinas, dos futuros cargos, das negociatas que lhes renderão milhões.

• Escritora, jornalista e professora universitária

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