domingo, 25 de dezembro de 2011







Auto de Natal

* Por Pedro Osmar

Vocês conhecem Jesus cristo
Aquele que nasceu na manjedoura
De um acampamento palestino
De um assentamento do MST
Conviveu com os pobres,
Os fracos, desesperados e suicidas
E viveu toda a sua vida
Correndo sério risco?

Pois ele está aqui, agora, entre nós
Para mais uma vivencia sobre sua palavra e luz
Humanista, humanitária, humanizadora
Com seu olhar atento, atencioso, acalentador
Na construção de tantos bairros libertos
E suas populações libertas da miséria.

Ali, olhem ele alí,
agora, no meio do povo
Povo de cristo em armas
Orando e lutando
Por este mundo melhor.

Cristo Che Guevara
Cristo Fidel, Camilo Cienfuegos
Cristo Manoel Fiel Filho
Cristo Lamarca, Marighela, Gregório Bezerra
E Prestes
Cristo Heleniras, Violetas, Marias da Penha
Cristo filho do povo
Em armas, pela justiça e cidadania
Um cristo em armas
Pela paz de um socialismo democrático.

Cristo filho das multidões em passeata
Esperançosas Cristo filho do povo do Brasil
Que se organiza para a liberdade
E a democracia
Cristo que prega pela paz
Nos desertos do capitalismo
Mas uma paz sem miséria
Uma paz sem lixo político
Em baixo do tapete.

E nunca esqueçam:
O cristo que somos
O cristo do povo
O cristo que mora nas ruas
Que pede esmolas e mendiga nosso amor
O cristo das comunidades em festa
O cristo das comunidades em guerra
Contra suas misérias e calamidades
É o mesmo cristo que habita
Em cada um de nós
Nossa consciência e sentimentos
De mundo sadio.

Cristo de vida livre
Vida que olha para o horizonte e vê
E constrói o seu futuro
Pelas armas da inteligência
Contra as ditaduras da impunidade
E da burrice.

Um cristo do futuro
Para o presente
E não um cristo do passado
Pregado numa cruz
De ignorâncias
E brutalidades.

Um cristo dos direitos humanos
Cristo de um povo atento
Mesmo errante
Povo que se achou no meio de suas lutas
Um povo de luta
Contra suas misérias, vaidades, hipocrisias
E calamidades sociais.

Venham, venham ver
O cristo que voltou!O cristo resistente que, em verdade
Nunca saiu daqui
Nunca nos abandonou
Nunca morreu
Nunca se evaporou.

O cristo que somos
É o mesmo cristo luminoso
Que nos orienta nas preces de socialismo
Preces de democracia socialista
Democracia humanista
Para uma melhor compreensão de ser
Ser uma sociedade em mudança
Em grandes transformações humanistas
Para uma melhor condição de vida
Em comum.

É este o cristo que se apresenta
É o cristo que estamos aprendendo
A cada dia
O mesmo cristo solidário
Que nos ama e abraça
Naquelas horas em que nos perdemos
E nos achamos, em nossas lutas
Pela dignidade de nossa sobrevivência.

Um cristo das lutas!
Um cristo soldado na guerra
Contra todas as nossas misérias
Um cristo em vida
Provocando as belezas do bem
Nas pessoas que pensam e agem
Pelo bem.

Este é o seu reino:
Um cristo sem igrejas
Sem templos, seitas, bolsa de valores
Do livre comércio da fé
Um cristo das ruas
Amigo das Marias Nuas
Sem propriedade de ninguém.

Cristo homem
Cristo mulher
Cristo criança
Cristo idoso.

O mesmo cristo
que deu a luz
À nossa consciência
E que junto com seu povo
Busca a luz perdida da fé na luta
No túnel das misérias fabricadas.

É este o cristo que se apresenta.
É o cristo que estamos aprendendo.

Cristo somos todos nós!
Negros e brancos
Índios e ciganos
Palestinos e judeus
Comunistas e socialistas
De povos em fé
Na sua busca pela liberdade
Na construção das democracias
Necessárias.

Cristo pobre
Cristo miserável
Morando, vivendo e morrendo
Nas favelas do mundo
Faminto, subnutrido
Desempregado e sem teto
Indignado com as balas perdidas
Que recebe como presente de aniversário
Todo santo dia.

Este é o cristo que sobrou
Dos monturos da fé
Nossa fé do que resta
De um amor que está enjaulado
Entregue aos cães raivosos do capitalismo
Cães dos donos do planeta
Cães da brutalidade cruel
Dos que não amam mais
O seu semelhante.

É este o Jesus Cristo
Que nós conquistamos para voar
E que assumimos
E que somos ele todo dia,
Em luta pela liberdade.

Um cristo em revolta
Um cristo revoltado
Um cristo palestino
Um pobre cristo menino
Sem pão, sem terra
E sem liberdade.

É este o Cristo que nos ensinaram
E que levamos com o nosso coração aberto
Para nossas vidas famintas
Nossas famílias aflitas
Nossa esperança em luta
Contra todas as injustiças
Deste mundo de meu deus.

• Poeta de João Pessoa/PB

Nenhum comentário:

Postar um comentário