terça-feira, 21 de setembro de 2010




Sobre cristologia*

** Por José Calvino de Andrade Lima

Entendendo cristologia como a reflexão que, partindo da realidade de Jesus Cristo e de fé, nos remete para a nossa realidade, digo que a cristologia da sublime abstração, que é ver o Cristo Sublime, como também Espiritual, não se compromete com os pobres e se torna muito alienante, pois Jesus Cristo tomou partido pelos pobres; como também a conferência Latino-Americana em Puebla.
Essa cristologia, que é representada pelos grupos carismáticos, pentecostais, folcolares etc, esquece-se do Jesus histórico e lembra o Jesus amor. Isto se torna abstração, porque esquece a realidade do povo de hoje e porque não se compromete com o pobre. Esta cristologia é comparada ainda quando dita assim: Cristo é o poder, seria de socializar o poder temporal. Dizer que o poder dos políticos vem de Deus, isto é alienante.
O que mais me chama a atenção é a pluralidade da Igreja (dos grupos) na época de Jesus, assim como também o sinédrio. Os grupos que eram os fariseus (judeus que seguiam as leis de Moisés e se achavam puros. Povo de moral perfeita e por isso eram admirados); os saduceus (eram a aristocracia. Deste grupo saíam muitos sacerdotes que faziam parte do sinédrio. Eles faziam o jogo do Império Romano e acabavam com os movimentos contra o Império, não acreditavam na ressurreição); os essênios (eram os monges radicais que viviam fora da sociedade. Eles viviam uma vida perfeita na comunidade); os herodianos (seguiam a política de Herodes); os zelotes (vinham das camadas mais baixa da sociedade, eram guerrilheiros contrários radicalmente ao Império Romano).
Analisando o ontem e o hoje, dizemos que esta pluralidade na Igreja é representada, atualmente, pelos grupos: jovens, vicentinos, carismáticos, folcolares, que tinham as tendências diferentes em relação ao trabalho na Igreja de hoje. No que concerne ao sinédrio (notamos esse, tribunal de judeus), sendo manipulado pelo Império Romano em conjunto com algumas pessoas de um grupo, como os saduceus.Jesus, ensinando a alguns saduceus, disse: "Tomai cuidado com os mestres da lei que gostam de circular por aí com roupas vistosas, de receber saudações nas praças, de ocupar as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros lugares nos banquetes, e devoram os bens das viúvas encobrindo tudo isso com longas orações: serão julgados com o maior rigor!" MC 12:38, 39 et 40.Analisando este texto, dizemos que os mestres da lei na antiguidade da Igreja eram os escribas, que hoje na nossa sociedade política (e não religiosa) são os políticos (os deputados, os senadores, os vereadores e os políticos indiretos). Com estes escribas, politiqueiros de hoje devem tomar cuidados: são demagogos, andam elegantes, usam a religião para ganhar votos do povo e jamais beneficiá-los. Essas viúvas do texto para nós são os pobres, são os índios, que são roubados e expulsos das terras pela lei dos escribas-políticos, que os grande tubarões - usam contra esses pobres coitados. Fugindo um pouco do texto, mas estando nele de maneira crítica, concluo com a parte do Sermão da Montanha, que diz: "Felizes os famintos e sedentos de justiça porque serão saciados."


* Trabalhos no Instituto de Teologia do Recife - extinto em setembro de 1989, por decisão do Vaticano! O ITER foi acusado, pelos setores mais conservadores da igreja, de adotar a linha marxista. O então Instituto foi criado em 1968.

** Escritor, poeta e teatrólogo

2 comentários:

  1. Eu não havia feito essa ponte...talvez
    por distração, ingenuidade ou ignorância.
    Porém a achei completamente viável dentro
    desse contexto que permeia a nossa
    contemporaneidade.
    Ótimo texto Zé.
    Beijos

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  2. Seu texto me levou a refletir muito,Calvino.
    Abraços

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