domingo, 29 de agosto de 2010


Consagração no Japão

Prezados leitores, boa tarde.

O Brasil iniciou sua brilhante campanha na Copa do Mundo de 2002 na Coréia do Sul, mas obteve a consagração nos estádios do Japão. Ambos os países, os leitores se recordam, co-promoveram aquele mundial, o primeiro disputado no continente asiático.
A seleção comandada por Luís Felipe Scolsari mostrava a regularidade que lhe faltara nas eliminatórias e, sobretudo, eficiência. Nada de firulas desnecessárias ou de improdutivos toques de lado. Era um futebol objetivo, dinâmico e eficaz.
Claro que havia destaques individuais, embora prevalecesse o aspecto coletivo. Alguns jogadores destacavam-se mais do que os outros. Quando a defesa, por exemplo, falhava, lá estava invariavelmente Marcos, um dos melhores goleiros de nossa história, para garantir o zero do adversário no placar.
Gilberto Silva, então no auge, era um paredão à frente dos três zagueiros – o Brasil jogava no esquema que então poucos clubes brasileiros adotavam, o 3-5-2 – enquanto Rivaldo era o maestro daquela orquestra bem afinada. Fez uma copa impecável. Compôs, ao lado dos dois Ronaldos, o trio “Ro-Ro-Ro”, que se constituiu num ataque infernal, agressivo, fulminante e inciso. O centroavante brasileiro, que fizera história na Europa em clubes como PSV, Barcelona e Internazionale de Milão, já era conhecido como “Fenômeno”
Para surpresa geral (e, confesso, da minha também), recuperou-se da série de contusões, principalmente nos joelhos, que vinha sofrendo e que ameaçara não somente deixá-lo fora da copa, mas, principalmente, do futebol. Em 2002, não parava de fazer gols. Como Romário, em 1994, Ronaldo foi um dos responsáveis por aquela surpreendente e memorável campanha na Ásia.
Ronaldinho Gaúcho, injustiçado por grande parte da imprensa brasileira, com raríssimas exceções, que nunca reconheceu devidamente sua importância para a seleção, era um coadjuvante magnífico, que a todo o momento roubava a cena e se tornava protagonista.
O Brasil estreou, em gramados japoneses, em 17 de junho de 2002, no Estádio Kobe wing, da cidade de Kobe, contra a Bélgica, pelas oitavas de final. Os “diabos vermelhos”, como os belgas eram chamados, estavam entusiasmados com a brilhante campanha que faziam, a sua melhor performance em todas as copas. E eles endureceram o jogo para a nossa seleção. Chegaram, em alguns momentos, a dominar nossa equipe.
Prevaleceu, todavia, a eficiência brasileira. A dupla que vinha brilhando desde a estréia, Rivaldo e Ronaldo, se encarregou de construir o placar. O primeiro marcou seu gol aos 22 minutos do segundo tempo. O “Fenômeno” deixou sua marca aos 42. O jogo, que terminou em 2 a 0 para o Brasil, foi arbitrado pelo jamaicano Peter Prendergast.
A Seleção Brasileira jogou com: Marcos, Lúcio, Roque Junior e Edmilson; Cafu, Gilberto Silva, Juninho Paulista (Denilson), Rivaldo (Ricardinho) e Roberto Carlos; Ronaldinho Gaúcho (Kleberson) e Ronaldo.
O jogo seguinte, já pelas quartas de final, foi contra um adversário tradicional, sempre perigoso, mas que nunca nos venceu em jogos de copa: a Inglaterra. A partida foi disputada em 21 de junho de 2002, no Estádio Shizuoka, da cidade de mesmo nome, arbitrada pelo mexicano Felipe Ramos Rizo.
Quando o inglês Owen fez o primeiro gol, aos 23 minutos do primeiro tempo, numa falha escandalosa de Lúcio, parecia que o nosso sonho iria desmoronar. Mas o Brasil jogava bem. Não se abalou com a desvantagem no placar. No último minuto do primeiro tempo, Rivaldo empatou. E logo a 5 minutos do segundo, Ronaldinho Gaúcho fez um golaço por cobertura, selando o marcador. Agora faltavam somente dois degraus a serem galgados para que o penta se tornasse realidade.
O Brasil jogou, nesse dia, com: Marcos, Lúcio, Roque Junior e Edmilson; Cafu, Gilberto Silva, Kleberson, Rivaldo e Roberto Carlos; Ronaldinho Gaúcho e Ronaldo (Edilson).
O adversário da semifinal, caprichosamente, era o mesmo da estréia, a Turquia, e que nos havia dado tanto trabalho. Na ocasião, a dificuldade foi atribuída ao nosso nervosismo. A verdade era que os turcos haviam montado uma boa seleção e vinham se constituindo numa das tantas surpresas da competição.
O jogo, disputado no estádio da cidade de Saitama, em 26 de junho de 2002, com arbitragem do dinamarquês Kim Milton Nielsen, foi amarrado, brigado, tenso e às vezes até violento. As duas defesas prevaleceram sobre os respectivos ataques. Mas nós tínhamos uma arma que os turcos não tinham: o Fenômeno. E foi ele, Ronaldo, que decidiu a partida a nosso favor, com o gol marcado aos 4 minutos do segundo tempo, o que nos colocou na final.
O Brasil jogou com: Marcos, Lúcio, Roque Junior e Edmilson; Cafu, Gilberto Silva, Kleberson (Belletti), Rivaldo e Roberto Carlos; Edilson (Denilson) e Ronaldo (Luizão).
Veio, enfim, o grande dia da decisão, 30 de junho de 2002. O Brasil teria, pela quarta vez na história, um ex-campeão mundial como adversário. A primeira vez que isso aconteceu foi em 1950, contra o Uruguai. Nas outras duas, em 1970 e 1994, havia sido a Itália. Agora era a vez da temida e disciplinada Alemanha.
Nossa seleção fez um jogo praticamente perfeito, no aspecto tático. Tecnicamente, não foi um grande espetáculo. Foram raros os lances de emoção. Mas o Brasil foi pragmático, exato, preciso e até cirúrgico. Deu os golpes fatais com precisão suíça e liquidou a fatura quando achou conveniente, sem sofrer maiores riscos.
Os heróis dessa memorável jornada foram: Marcos, Lucio, Roque Junior e Edmilson; Cafu, Gilberto Silva, Kleberson, Rivaldo e Roberto Carlos; Ronaldinho Gaucho (Juninho Paulista) e Ronaldo (Denilson). Não era um time de craques, mas de competentes e eficientes “operários”.
Os dois gols brasileiros, que nos garantiram o título, foram do personagem dessa copa, Ronaldo, que mais do que nunca mereceu o apelido de “Fenômeno”, ambos no segundo tempo: o primeiro aos 22 e o segundo aos 34 minutos (neste último, com a colaboração do goleiro alemão Oliver Kahn). Depois... foi só partir para o abraço. Estava ganha a primeira copa do século XXI. À exceção da África, o Brasil tornara-se campeão em todos os continentes: Europa, América do Norte (duas vezes), América do Sul e, agora..., Ásia.

Boa leitura.

O Editor.

Um comentário:

  1. A vitória no oriente mostrou que nossa bola pode rolar bonito em todos os continentes. Até então, pois agora sabemos que não África não acontece nada.

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