quarta-feira, 19 de maio de 2010




Percorre como um caule ou a morte

* Por Wesley Peres

percorre como a mão percorre o tempo
ou como a superfície do vento se percorre,
percorre, mortalmente, uma rua numa tarde sem estrelas
e em que a neve brilha o brilho de um corpo
ou das frases nuas enrolando um demônio morto
um vidro quebrado no asfalto: intermeando o vidro e o passante,
por sobre o reflexo torto, uma formiga, espremida pela imagem
que transita entre o vidro e o passante, numa linguagem nua
movida a raios de lua ou de sol ou pela coisa nenhuma
pensada agora pelo passante que percorre.

(Do livro “Rio revoando”)

* Escritor, poeta e psicólogo goiano, autor dos livros “Casa entre vértebras” (romance), “Palimpsestos” (Poesias), “Rio Revoando” (poesias) e “Água anônima” (poesias).

Um comentário:

  1. Percorrer...
    Sem se importar com cores
    frio ou escuridão.
    Percorrer por tudo ou por nada.
    É angustiante, mas algumas vezes é
    assim que nos sentimos.
    Abraços

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