domingo, 23 de maio de 2010




Caminhada

* Por Pedro J. Bondaczuk

Caminho, assoviando
baixinho o “Stardust”,
peito desnudo, pés no chão,
por remoto bosque florido
perdido nos confins do tempo,
colhendo amoras e amores.

Manhã de sol. Céu azul, sem nuvens.
Brisa suave brinca em meu cabelo.
Perfume adocicado de saudade
recua relógios e traz, de volta,
dias de remotas primaveras,
quando a coroei de flores
e fiz de você rainha dos meus sonhos.

Os pés pisam tapete de musgos
e sentem a umidade intensa
da terra esfriada, molhada de ternuras.
O orvalho, nas folhas e arbustos
e corolas de rubras flores,
tem iridiscências de estrelas
que luzem no firmamento da paixão.
Lembram o brilho dos seus olhos,
límpidos, brilhantes, iridiscentes,
molhados de lágrimas e de promessas.

Borboletas multicoloridas,
de variadas dimensões e matizes,
esvoaçam sobre a minha cabeça,
e trazem anseios e recordações.

Horas transformam-se em dias,
dias viram anos, lustros, décadas,
enquanto caminho, assoviando,
bem baixinho, o “Stardust”.

*Jornalista, radialista e escritor. Trabalhou na Rádio Educadora de Campinas (atual Bandeirantes Campinas), em 1981 e 1982. Foi editor do Diário do Povo e do Correio Popular onde, entre outras funções, foi crítico de arte. Em equipe, ganhou o Prêmio Esso de 1997, no Correio Popular. Autor dos livros “Por uma nova utopia” (ensaios políticos) e “Quadros de Natal” (contos), além de “Lance Fatal” (contos) e “Cronos & Narciso” (crônicas), com lançamentos previstos para os próximos dois meses. Blog “O Escrevinhador” – http://pedrobondaczuk.blogspot.com

2 comentários:

  1. Uma caminhada bastante lúdica, mais para um andar de descobertas do que propriamente um exercício físico.
    Destaco: "colhendo amoras e amores". O efeito foi surpreendente.

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  2. Somente a poesia nos desnuda
    tanto.
    Bela poesia.
    Abraços

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