sexta-feira, 30 de abril de 2010




A violência no espaço

* Por Mateus Berteges

E o homem se despede de seu amor. Tudo que eles queriam era encontrar paz. Mas quem a fabrica, quem a faz? Ouviu um ruído se aproximar. A sua paz estava vindo buscá-lo. A sirene o distraía e aquela cor vermelha não era pra lhe trazer alegria. Era a cor da rosa que trazia em sua mão, que em câmera lenta, caía ao chão. Era a despedida, a tristeza e alegria pela sua partida. Durante todo aquele dia o homem caminhou com um sorriso no rosto, mas não imaginava o quanto estava exposto.

Um objeto perdido foi encontrado por ele. No meio do peito. O mesmo local que usou para amar, recebeu a fúria como companhia. Foi uma correria, regada de tristeza e terror. Diferente da rosa que cuidou e que com o nome de sua amada nomeou. E ela seria a única. E foi a única testemunha de que seu nome não mais existiria.

O homem fechou seus olhos. Parecia um sonho a cada encontro com seu olhar. Eram pequenos filmes que insistiam em passar, eram leves gritos que insistia em escutar. O homem foi notado, percebeu que seu rosto estava pintado, mas não era pra torcer pelo seu time. Voltava sempre à realidade e quando acontecia alguém o mandava resistir e segurar firme. Mas o que era mais firme que a dor que sentia? A dor que dobrou, duplicou sua despedida. Aquela tristeza poética havia se transformado em uma ferida. E nessa, a passagem era só de ida.

Do outro lado, sua amada o esperava. Com os olhos marejados e um desejo desencorajado de seguir. Seu amor estava atrasado, seu coração apertado e desistir da viagem lhe parecia mais sensato. O relógio a lembrava de seus compromissos, seu coração batia sem ritmo. Lembrou-se também do seu último contato: o homem lhe disse que não queria vê-la chorar e que a despedida não era a melhor opção. Ela não acreditava que aquilo seria verdade. Ela não queria acreditar que sua rosa ficaria pelo chão.

E o homem passava aos poucos pelo seu fim. Estava distante da vida, da ida, de sua amada e da rosa cultivada. Nada mais o prendia àquele mundo de ira. Talvez fosse um prêmio pela sua perseverança. Ele sabia que ninguém mais do que ele tinha esperança. Ele se lembrou da paz que queria. Daquela cor branca que sempre vestia. Ele lembrou de sua amada, que partiria para propagar o seu desejo. Ajudar os inocentes na guerra, ajudar a anestesiar o medo. Mas o medo estava ali com ele. Por que seu amor salvou tantas vidas e iria ignorar a dele? E o homem só quer saber o quanto sua dor, não a do amor, iria durar

* Analista de sistemas

Um comentário:

  1. O amor verdadeiro deveria fluir
    simples e belo na sua essência
    sem o peso das condições...
    Não deveria haver o "se" no amor.
    Lindo texto.
    Abraços

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