segunda-feira, 25 de janeiro de 2010


Qual será o saldo final?

Caríssimos e pacientes leitores, boa tarde.
Não raro pilho-me refletindo sobre qual será o saldo final da nossa parceria neste empreendimento de divulgação de literatura, quando o Literário deixar de existir. Sim, porque tudo um dia acaba, não importa o tempo que leve, idéias, pessoas, conceitos, dogmas, civilizações etc. Um dia (que espero esteja ainda muuuto distante), também, nosso quixotesco projeto chegará ao fim. O que restará, a cada um de nós, desta experiência.
Só posso aventar hipóteses (realizáveis ou não). É possível, por exemplo, que nos dispersemos e jamais voltemos a manter contato. É possível, porém não provável. É possível, por outro lado, que um dia possamos nos encontrar pessoalmente, todos nós sem exceção, em memorável e deliciosa confraternização. É possível, porém um tanto improvável, dadas as distâncias que nos separam. Mas... nunca se sabe.
É possível que esse exercício semanal, de produzir e difundir textos, redunde em livros de cada colunista e colaborador. Aliás, não só é possível, como bastante provável. E estarei aqui para divulgar essas obras, sem disfarçar o orgulho de haver contribuído, embora com ínfima parcela, para esse desfecho. Afinal, somos parceiros.
É possível que concretizemos o sonho, que já vai completar quatro anos, de lançarmos nossa própria antologia, com os textos que mais marcaram o Literário. É possível e bastante provável, pois não creio que jamais deixe de aparecer alguma editora interessada em divulgar textos de tão boa qualidade, muitos primorosos, legítimas obras-primas. Afinal, não há tantos bons escritores no mercado editorial brasileiro a ponto de se esnobar o nosso time de “feras”, aqui do Literário.
São possíveis tantas coisas! Claro que nem todas são prováveis, mas essa improbabilidade pode ser superada pela vontade coletiva. E esta nós temos, e de sobejo. Com o passar do tempo, acessar o Literário já se tornou hábito (saudabilíssimo) dos seus participantes. O espaço é feinho? É! Afinal, não sou designer e faço o melhor possível, dentro dos meus parcos conhecimentos de informática, para dar-lhe aspecto mais agradável possível. Minha especialidade é o texto e nela sou mais eu.
Ademais, para mim (e creio que para todos vocês) o que conta é o conteúdo. É esse confronto diário de idéias, muitas consensuais, outras tantas conflitantes, mas todas originais e bem expostas, que é o nosso forte e o nosso diferencial de qualidade.
Aprendi muito com nossas edições. Duvido que quem freqüente o Literário com assiduidade não tenha aprendido nada. Muitos só sentirão nossa falta quando não estivermos mais aqui.
Todavia, o saldo mais precioso que restará da nossa parceria neste quixotesco empreendimento será uma sólida e indestrutível amizade. Há quem conteste essa possibilidade e ache impossível sermos amigos de alguém sem que o conheçamos pessoalmente. Estão enganados.
Não preciso estar em presença de quem quer que seja para ter identidade de pensamentos, sentimentos e ideais com ele. A distância, em muitos casos, é até benéfica. Elimina o fator da subjetividade, da “aparência”, que tanto pode atrair, quanto repelir as pessoas.
São nossas almas que dialogam, sem voz, exclusivamente através de nossos textos e manifestam afinidades que, talvez, presencialmente, por uma razão ou outra, não seriam manifestadas. Da aparência de cada um, tenho apenas reles foto, que traz determinada silhueta no certo momento do tempo. Entre essa imagem, que pode ser antiga, e a aparência atual, certamente haverá diferenças, algumas muito profundas.
Noto, por exemplo, nos comentários determinadas preferências entre colunistas. Há, até, certa intimidade, que só se tem com amigos, embora provavelmente nenhum integrante dessa parceria jamais tenha se encontrado, trocado um bom dia, dado um abraço ou simples aperto de mão. E precisa? Portanto, a conclusão a que chego, até sem muito esforço, é que o principal saldo da nossa parceria será sólida amizade. E existe coisa melhor?!

Boa leitura.

O Editor


4 comentários:

  1. Encontro entre os colunistas, antologias, poxa, tudo isso seria ótimo! E melhor ainda é participar, contribuir e torcer para que o Literário continue firme! Abraços, Pedro!

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  2. Que belo editorial Pedro.
    Seria muito legal ler uma coletânea do
    Literário... adoraria.
    Quanto ao ver o fim desse espaço, não
    quero me preocupar com isso.
    Temos muito chão ainda.
    Beijos

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  3. Sempre aprendemos. Hoje mesmo destaco: " subjetividade, da “aparência”, que tanto pode atrair, quanto repelir as pessoas."
    Na internet esse senão não existe. Tenho amigos que nunca vi e falo diariamente há oito anos. Isso é mais sólido do que muitos colegas de faculdade, que mal acabam as aulas e não nos falamos mais.

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  4. O que sei é que, pra onde quer que formos, vamos levar essa belíssima (e humilde) sensação de espalhar a palavra e com isso engravidar sentimentos. Nisso, caro Pedro, seu papel foi fundamental, porque é o engenho dessa empreitada.

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