sexta-feira, 29 de janeiro de 2010




Instituto Educacional Majestoso I. Mentirinhas que os (maus) filhos contam

* Por Renato Manjaterra

Sabe mãe, é muito bom escrever esta em vida, ou melhor, que esta te encontre viva. Você entendeu.

Bem, queria te dizer que o campo da Ponte, como você fala, o Majestoso me ajudou a entender mais essa. A das mentiras (porque a senhora nunca aceitou esse papo de mentirinha – não tem inha!) que os filhos às vezes contam para quem de direito.
.
Claro que a que vou contar aqui é uma inha. E não estou querendo justificar o injustificável aqui pelo Literário. Pelo amor de Deus.

Essa historia é de um domingo de dérbi. O domingo de jogo em que eu mais apanhei da polícia, se é que teve outros.

Lembro que a gente estava em três na Saveiro descendo a Aquidabã para virar na Barão de Jaguara, na saída do dérbi. Tinha um cordão de PMs na nossa frente desviando todo mundo para a Barão mas o Du, que estava de costas sentado na caçamba, não viu. Quando eu estava chegando no desvio começou a passar macaco assustado correndo pela gente e atrás vinha a polícia distribuindo bomba e bala de borracha. Foi quando o Tio Du levantou e acendeu um rojão de 4 mais 1 a direção do meio do bolinho da cavalaria, que vinha correndo atrás da macacada.

O guarda que estava na minha frente olhou pro teto da Saveiro e não acreditou O colega do lado dele cutucou e eles me pararam na hora.

Na hora não foi porque eu ainda dei de João Sem Braço uns trinta metros, mas quando vi no retrovisor o PM fazendo mira no pneu pensei que ele estava falando sério e resolvi perceber que estavam gritando era comigo.

Não deu nem tempo de ver as borrachas, deu pra quase descer do carro e ir levando nas pernas, no estômago, costelas... Foi difícil dirigir até Caldas.

Te contei isso tudo só pra você entender porque eu fui escondido nesse dérbi.

Sei que você nunca se enganou! Nesse dérbi eu te disse que iria pegar a estrada de manhã e ia tentar ouvir o jogo no rádio, na estrada, será que tem no planeta alguém que acreditaria nisso? Mas agora que desse domingo já se passaram dez anos queria perguntar: Você não podia ter esperado esse tempo para saber desse domingo? Não foi melhor assim?

* Jornalista e escritor, Autor do livro “Colinas, Pará” com prefácio do Senador Eduardo Suplicy, bacharel em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas – PUCAMP, blog http://manjaterra.blogspot.com


2 comentários:

  1. Mentir para poupar ou para se proteger?
    Prefiro mil vezes a verdade por mais que
    ela me estremeça...
    Adorei seu texto.
    beijos

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  2. Pô Pedrão, pela foto parece que no Majestoso tava distribuindo ajuda humanitária... Minha mãe vai ficar em choque!
    Nubia, você é muito gentil. O fato é que toda mentira tem uma justificativa. E nunca justifica nada. Você tem filhos, né?

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