segunda-feira, 21 de dezembro de 2009


Vale a pena?

Queridos leitores, boa tarde. Espero que vocês iniciem esta semana de Natal com o pé direito e a terminem melhor ainda, com muita paz, saúde, alegrias e felicidade.
Outro dia um amigo muito chegado, destes que têm toda a intimidade comigo e cujas críticas e observações são sempre bem-vindas, pelo elo de confiança que nos une, esteve em casa no momento em que eu fazia mais uma edição do Literário.
Entrou, sem cerimônias, em meu gabinete de trabalho, puxou uma cadeira, e sentou-se junto a mim, enquanto eu lidava com os crtl C, ctrl V do computador. Observou-me, calado, por alguns momentos e depois perguntou-me, na bucha: “Pedrão, vale a pena todo esse seu esforço e entusiasmo? Você acha que alguém se importa com cultura, com arte ou Literatura neste País? Ninguém está nem aí com tudo isso”.
Respirei fundo e, confesso, hesitei antes de responder, principalmente, se valia a pena o que estava fazendo. Há momentos que acho que não vale. Nesse dia, eu estava chateado, porque um conto que escrevi com tanto entusiasmo (mais um) passou batido pelas páginas do Literário, empreendimento a que me afeiçoei tanto e que, todavia... Não me dá sequer o retorno, a satisfação de um miserável elogio, mesmo que seja falso. E, não sejamos hipócritas, todos gostamos de ser elogiados, em especial quando temos a convicção de termos feito algo que mereça aprovação.
Respondi-lhe, porém (sem nenhuma criatividade, diga-se de passagem) com os versos tão utilizados de Fernando Pessoa (tanto que até já viraram clichê): “Se vale a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena”. Depois, refleti um pouco, e concluí que, subconscientemente, estava sendo sincero.
Tudo o que fazemos com amor é válido. E mesmo que a princípio pareça inútil, que aparente ser mera perda de tempo, com o passar dos anos, revela-se de imensa valia. Creio que o mesmo irá ocorrer com o Literário.
Este espaço, pelo menos com estas características e editado por este Editor, um dia irá acabar. Quando? Não sei! Pode demorar décadas, como alguns parcos e míseros meses. Tudo acaba um dia, não é mesmo?. Nós acabamos. A Terra num futuro que não sabemos se longo ou próximo, um dia vai acabar, engolida pelo sol. E assim por diante.
Depois, pensei na generosidade dos tantos “Dom Quixotes” como eu, que garantiram até aqui a sobrevivência e até um certo sucesso (por que não?) do Literário, nestes quase quatro anos de batalha. Pensei nas centenas e centenas de pessoas, de todas as partes do País, que me enviam textos para serem avaliados e publicados. Pensei na sua expectativa pela publicação. Pensei no seu entusiasmo ao ver o fruto da sua inteligência e do seu talento em nossas páginas. Pensei nos milhares que me contatam diariamente por e-mail, que me estimulam, me encorajam e me criticam até, mas que me dão forças para prosseguir.
Pensei em você, amável leitor, que já nos garantiu 44 mil acessos em tão pouco tempo! Para um espaço de literatura, convenhamos, não é nada desprezível! Pensei em nossos 73 seguidores (não consegui atingir a meta traçada para este ano, que era de 100) e no quanto são importantes para este Editor tão atarefado, mas dotado de entusiasmo juvenil.
Se valeu a pena? Claro que sim! Até para compensar a espontânea e preciosíssima ajuda daqueles que, sem atentar para custos, imprimem, diariamente, nossas edições para distribuir na faculdade. Essa gente toda tem que ser respeitada. Que a maioria não se importa (ainda) com cultura, arte e, sobretudo literatura, infelizmente é verdade. Mas somos meros semeadores.
Muitas das sementes que lançamos cairão em solo pedregoso, é verdade, e não irão vingar. Os pássaros as comerão ou o sol as crestará. Outras tantas cairão no meio de urtigas e outras ervas daninhas e brotarão mirradas e incipientes. Mas algumas, certamente, vão cair em solo fértil e brotar saudáveis e robustas, produzindo farta colheita.
“É para estes”, expliquei ao meu realista amigo, “que todo o esforço que eu eventualmente faça ou venha a fazer é destinado. Na verdade, ainda representa pouco, muito pouco, pelo tanto que eles merecem.

Boa leitura.

O Editor.

5 comentários:

  1. Meu querido editor.

    Sempre haverá de valer a pena.
    E hoje, se tenho coragem para postar os meus escritos, em parte devo isso a você.
    Sei que os elogios nos afaga o ego, mas
    independente de ter comentários ou não, sei que
    tudo que é postado aqui será lido.
    beijos

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  2. Pedro,
    você é um batalhador.
    Tenaz.
    Quem acredita
    faz acontecer.
    Boas festas !

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  3. Pedro, o Literário é uma referência. Notadamente de descorbeta de novos valores.
    E o que importa: suas lições de vida.
    Toda felicidade neste Natal e no Ano Novo e sempre.

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  4. Tudo vale a pena quando a alma é pequena.
    Feliz natal 2010 desejos de felicidade
    BEIJOS PEDRO TE AMO.

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  5. Bato o ponto e leio um conto, todos os dias. O seu e de outros. Tenho meus autores preferidos, mas procuro ler vários. Raramente não comento, e se isso ocorre é por que não gostei muito. Então, somando os pontos, para mim, quase tudo que leio aqui é muito bom, sendo vários excepcionais. Então, caro Pedro,como se diz por aí, e você certamente deve saber quem falou isso: " em vez de clamar na escuridão, melhor ascender uma vela". E a sua já está acesa. Não vejo motivo de apagá-la. Avante!

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