segunda-feira, 28 de dezembro de 2009


Tarde de poesia

Caros amigos do Literário, boa tarde.
Ontem, após o tradicional almoço domingueiro com a família, sem nenhuma partida de futebol para acompanhar, neste período de férias dos atletas, e com a maioria (diria a totalidade) dos amigos fora da cidade, no litoral, para aproveitar essa época de festas, resolvi adiantar algumas tarefas.
Umas, são enfadonhas e tomam-me muito tempo, posto que sejam necessárias. Outras, porém, são prazerosas e, em vez de merecerem a designação de “trabalho”, se constituem, na verdade, em lazer. E com a vantagem sobressalente de serem gratuitas. Ataquei as primeiras, das quais me livrei, felizmente, sem muita tardança.
Destinei, porém, a maior parte do domingo ao que sempre me deu prazer. É o caso da programação do que será publicado no Literário nos próximos dias. Faço questão de ler com atenção todos os textos que recebo, em respeito aos que nos privilegiam com sua confiança.
Via de regra, não faço essa seleção aos domingos, dia que reservo para passeio, para ir, vez ou outra, ao estádio para acompanhar jogos do meu time do coração, a Ponte Preta, ou para participar de algum churrasco na casa de amigos. Ontem, porém, por causa das circunstâncias já mencionadas, resolvi abrir exceção. E me dei bem.
Salvei, em pastas apropriadas para esse fim, mais de uma centena de textos, vindos, por e-mail, de várias partes do Brasil, a maioria poesias. São contribuições de pessoas interessadas em participar do nosso Literário às quais acolho democraticamente, sem privilegiar e nem desprezar ninguém.
O volume de textos não foi o que me surpreendeu, embora farto, em se tratando de um período de festas, em que muita gente deixa sua cidade e passa longe de qualquer computador. A surpresa ficou por conta do conteúdo.
Recebi dezenas de poesias, que nos próximos meses terei a satisfação de compartilhar com todos vocês, de qualidade muito acima da média. É nessas horas que sinto a força, a criatividade e o talento do povo deste País que, por si só, é magnífico poema, continuamente reescrito. Senti o vigor da nossa cultura, a perenidade das nossas letras e como é bela a nossa língua portuguesa (quando bem-escrita, logicamente).
Foi uma tarde de poesia que, se tiver juízo, irei repetir por muitos e muitos e muitos outros domingos no correr de 2010. E pensar que há quem diga que a poesia, se ainda não “morreu”, estaria moribunda. Bobagem. Está viva, vivíssima, dinâmica e mais atrativa do que nunca. O que falta é a devida divulgação dessa farta produção poética.
Só pensa que a poesia está “morrendo” quem não tem o privilégio (que eu tenho) de ter acesso a tanta coisa bela, inteligente e inspirada, produzida ininterrupta e prolificamente neste imenso país de dimensões continentais.
Em princípio, o que era para ser trabalho, se transformou em deleite. E para aproveitar melhor esse momento, criei todo um clima favorável. Li, poema por poema recebido, em voz alta, tendo por fundo musical composições de Johann Sebastian Bach. Uma delícia!
A poesia é, de fato, a “mãe” das artes. Diz a tradição que, quando não havia sido inventada, ainda, a escrita, as pessoas utilizavam-na para memorizar todo conhecimento adquirido desse tempo, que queriam transmitir de geração a geração. Foi, portanto, o “jornalismo” daqueles tempos selvagens e primitivos em toscas sociedades ágrafas.
Ao mesmo tempo, exerceu o papel de “análise”, pelo tom confessional que os poetas ancestrais adotavam para expressar sentimentos, emoções, venturas e desventuras. Infeliz daquele que não é condicionado, desde criança, a gostar dessa soberba manifestação literária. Pode-se dizer que são infelizes de mau-gosto. Conheço muita gente que não gosta. E em que mundo opaco e descolorido esse tipo de pessoa vegeta!

Boa leitura.

O Editor.

3 comentários:

  1. Lembra-se da parábola do semeador? Minhas
    sementes cresceram e se tornam mais fortes diante
    da adversidade. Tantos já leram os meus
    poemas...menos os meus.
    Isso só me faz crescer e amar ainda mais a poesia.
    Beijos

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  2. Que maravilha, Pedro, que venham os Poetas, aqui eles serão sempre bem-vindos, não é?
    Abraços

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  3. Há algum tempo leio poesia com paciência, e principalmente sem preconceito. Já começo a entender. Ainda não consigo me deleitar, mas já sinto admiração pelos poetas pela capacidade que têm de fazer o que fazem.

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