sábado, 21 de novembro de 2009




Ademir da Guia

Por João Cabral de Mello Neto

Ademir impõe com seu jogo
o ritmo do chumbo (e o peso),
da lesma, da câmara lenta,
do homem dentro do pesadelo.

Ritmo líquido se infiltrando
no adversário, grosso, de dentro,
impondo-lhe o que ele deseja,
mandando nele, apodrecendo-o

Ritmo morno de andar na areia,
de água doente de alagados,
entorpecendo e então atando
o mais irrequieto adversário.

(Livro "Museu de Tudo").

2 comentários:

  1. Cabral é uma das nossas maiores vozes, um artista superior que devemos ler sempre e sempre, pois cada verso nos ensina como frutificar em meio à aridez.

    ResponderExcluir