quinta-feira, 21 de maio de 2009




Do fastio

* Por Talis Andrade


O hoje novo
amanhã cedo
torna-se obsoleto
Tudo se faz inane
objeto descartável
embalado em celofane

Neste mundo fugidio
o amor apodrece
natimorto
Neste sombrio
vazio mundo
o homem um condenado
entre os extremos
da náusea e do desgosto

Do prazer sempre resta
uma sensação de fim de festa
O nojo o enjôo
diante da mesa repleta
dos sobejos do festim
O repentino desconforto
em ver da fêmea
o sexo exposto

Este corte
entre dois corpos
O fastio
o vazio
a sensação de morte

Um estorvo o corpo
no despudor ginecológico

(Do livro “Cavalos da Miragem”, Editora Livro Rápido – Olinda/PE).

* Jornalista, poeta, professor de Jornalismo e Relações Públicas e bacharel em História. Trabalhou em vários dos grandes jornais do Nordeste, como a sucursal pernambucana do “Diário da Noite”, “Jornal do Comércio” (Recife), “Jornal da Semana” (Recife) e “A República” (Natal). Tem 11 livros publicados, entre os quais o recém-lançado “Cavalos da Miragem” (Editora Livro Rápido).

3 comentários:

  1. Lindo, lindo mesmo o poema. E dolorido, sem encantamentos. Um patamar alto demais, de onde impossível voltar. É encarar de frente e cuspir na vertigem. Mas também isso passará, que tudo é passageiro. Parabéns.

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  2. Amargura, desamor, momento duro de doer.

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  3. Obrigado Nara, obrigado Daniel. A gratidão fica mais intensa, pela beleza dos comentários.

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